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Conheça a história do músico que não embarcou no voo da TAM e viveu para contar sua história


No dia 17 de julho de 2007, Hermínio Junior, músico gaúcho, estava prestes a embarcar em um voo da TAM que decolaria de Porto Alegre com destino a São Paulo. Tudo estava planejado, mas uma sequência de pequenos imprevistos mudou o curso de sua vida. Um erro no nome da passagem e outros contratempos impediram que ele embarcasse. O voo TAM JJ3054 nunca chegou ao seu destino, colidindo em Congonhas e resultando em uma das maiores tragédias aéreas do Brasil, com 199 vítimas fatais.

Hermínio escapou por minutos dessa tragédia, mas a lembrança daquele dia segue viva em sua mente, especialmente quando novos acidentes aéreos ocorrem. Recentemente, a queda de um avião da Voepass trouxe à tona todas as emoções vividas há 17 anos. Em uma entrevista exclusiva, Hermínio compartilha como lidou com o trauma de perder o voo que o salvaria e reflete sobre os desafios psicológicos enfrentados pelos sobreviventes e os familiares das vítimas.

Relembrando a tragédia

Ao ser questionado sobre como o recente acidente da Voepass o afetou, Hermínio foi claro: “Vieram todas as lembranças possíveis, pois neste ano completei 17 anos que tive esse livramento. Imaginei todos os familiares das vítimas passando pelas mesmas incertezas que os meus familiares passaram, só que para eles o pior se confirmou e, no meu caso, foi uma angústia que se tornou felicidade.”

Essa experiência o fez refletir sobre como pequenos imprevistos, que naquele momento ele considerou azar, acabaram sendo uma proteção. “O dia parecia estar todo errado, mas, no final, foi o que me salvou”, diz.

Lidar com o trauma: do surto à gratidão

Perder um voo que se tornaria uma tragédia nacional deixou marcas profundas em Hermínio, mas ele relata que não acredita ter desenvolvido um trauma duradouro. “Acho que no momento eu tive uma espécie de surto, pois quando vi as imagens do acidente e pensei que, por minutos, eu não embarquei naquele voo e poderia ter morrido, entrei em catarse. Mas depois, virou um sentimento de gratidão.”

Para Hermínio, a experiência foi um divisor de águas. Ele passou a encarar os contratempos com outro olhar, aprendendo a agradecer até mesmo quando as coisas não saem conforme o planejado. “Eu nunca mais reclamei de ter que esperar, de voos atrasados ou cancelados. Aprendi que existe um plano para cada um de nós, e quando não é a hora, tudo dará errado para dar certo no final.”

Suporte psicológico para os sobreviventes

Ao refletir sobre o suporte oferecido para aqueles que sobrevivem a tragédias aéreas, Hermínio afirma que a assistência psicológica oferecida na época foi praticamente inexistente. Ele relata que, apesar de terem recebido suporte logístico, não houve nenhum tipo de acompanhamento emocional. “No dia seguinte, fui obrigado a embarcar em um avião da mesma companhia para voltar para casa. Ninguém me perguntou se eu me sentia confortável para fazer isso”, recorda.

Para ele, o suporte precisa ser contínuo e não se limitar ao momento imediato após o acidente. “Acho que o suporte precisa ser de acompanhamento e não somente no momento.”

Um conselho para quem sobreviveu ao voo da Voepass

Hermínio também compartilhou uma mensagem de apoio para aqueles que, por algum motivo, não conseguiram embarcar no voo da Voepass. “Não reclamem quando as coisas não dão certo ou não ocorrem da maneira que queremos. Às vezes, elas conspiram para que nos livremos de coisas ruins. Seja grato todos os dias por poder acordar.”

Ele reconhece que sua própria experiência o ensinou a valorizar a vida de maneira diferente e que tudo, inclusive os momentos de frustração, podem ter um propósito maior.

Lições e mudanças na segurança aérea

Quando questionado sobre as lições aprendidas com o acidente da TAM em 2007, Hermínio expressa ceticismo quanto às melhorias no setor. “O acidente da TAM gerou uma série de medidas que foram cobradas durante certo tempo, depois o esquecimento ocupou essa lacuna. Uma coisa meio Boate Kiss. Depois da tragédia fizeram um alarde em todas as casas, hoje ninguém cobra ou fiscaliza coisa alguma.”

Ele compartilha uma experiência marcante: “No dia 28/07 voltei a São Paulo e desci em Congonhas, que é um aeroporto complicado. Passamos em frente ao local do acidente e ainda tinha diferença de temperatura, um cheiro de combustível absurdo. Se tivessem feito um regramento mais rígido, acredito que Congonhas teria ficado inoperante ou apenas com voos de pequeno porte.”

Apesar de seu livramento pessoal, Hermínio lamenta que muitas das promessas de melhoria feitas após o acidente não se mantiveram ao longo dos anos. Ele acredita que mudanças mais substanciais poderiam ter sido implementadas para garantir a segurança de passageiros e evitar que tragédias como a de 2007 se repitam.

O valor da vida em cada detalhe

A história de Hermínio Junior serve como um lembrete poderoso de que, às vezes, os contratempos mais frustrantes podem, na verdade, ser os maiores salvamentos. Sua experiência mostra que, em meio a tragédias e incertezas, é possível encontrar gratidão e aprender a encarar a vida com uma nova perspectiva.

Com 17 anos desde o acidente que quase o vitimou, Hermínio vive com a consciência de que cada dia é uma dádiva e que até mesmo os "dias ruins" podem ser, na verdade, dias de proteção.

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