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Dores em potinhos: O peso das lembranças e o desafio do desapego



Guardo em um potinho, tal qual me foi entregue, aquilo que por anos a fio, me provocou uma enorme dor. Mas por que, essa curiosa mania de preservar entre minhas recordações mais preciosas algo que, enquanto habitava em mim, provocou tanto sofrimento?

Em 2019, após mais de uma década e meia suportando dores esporádicas, porém agudas, finalmente recebi o diagnóstico, e a cirurgia para retirada da vesícula tornou-se urgente. Assim, pus fim a um martírio que carreguei por anos.

Hoje, ao vasculhar gavetas, desocupando espaços, deparei-me com o potinho contendo algumas das maiores pedras extraídas naquele procedimento cirúrgico. E me peguei indagando: para que guardar algo que só me faz recordar a dor?

Da mesma forma, acontece com alguns relacionamentos. Quando, mesmo mergulhados por anos em uma relação doentia, os seres humanos teimam em se apegar a ela como se fosse a única opção viável em toda uma existência. E novamente, ao refletir sobre pessoas e laços tóxicos, questiono-me: por quê? Para quê cultivar um amor que só traz sofrimento e tormento, mantendo-o guardado como algo sagrado, como se fosse um amuleto de valor inestimável?

 

E assim, me vi, com o potinho de pedras na mão diante do dilema que tantos compartilham: a necessidade de confrontar o passado e deixar para trás aquilo que já não lhe serve mais. Afinal, guardar lembranças dolorosas pode ser reconfortante de certa forma, mas também pode ser uma âncora, que impede a gente de navegar livremente pelas águas da vida.

É preciso coragem para abrir mão do conhecido, mesmo que seja um conhecido que machuca. Sim! É preciso muita coragem. A jornada do desapego não é fácil, mas é essencial para a libertação e o crescimento pessoal. Deste modo, me comprometi a enfrentar esse desafio com determinação e esperança, pronta para descobrir o que me aguarda do outro lado.

E o potinho? Bom, esse foi para onde, há anos já deveria estar: no lixo.

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Olhos assim

Você não deve dar crédito aos meus devaneios, Nem dizer que são feios os rabiscos que eu chamo de poesia. Você tem que continuar agindo com calma, Sem se preocupar com todas as fantasias que habitam minha alma. Nunca falei para alguém tudo que é importante para mim, Nem do fascínio que devoto por olhos assim. Então, quando fitei pela primeira vez, este céu sem lua, Percebi que jamais dormiria sossegada querendo tê-los para mim. Teu olhar castanho, que mostra teu ar tristonho, Nunca me falou dos sonhos teus. Mas despertou o brilho adormecido dos meus. Só te peço que não me judie, que não negue teu amor para mim. Eu não saberia amar outros olhos. Outros olhos assim. Porto Alegre, 27 de novembro, de 2001. Conheça a página  Jornal de Ideias Comunicação Digital   e con fira de perto todo  o trabalho realizado pela profissional que atua na produção dos conteúdos deste blog. Não é permitido reproduzir texto, imagem ou qualquer outro tipo de produção intelectual de um blog, sem a devida autori