Aventura e desafios na Ferrovia do Trigo: O Relato do catarinense Daniel Moraes dos Santos


A jornada entre Guaporé e Muçum revelou paisagens impressionantes, mas também os impactos devastadores da cheia histórica no Rio Grande do Sul

A Ferrovia do Trigo, localizada entre Guaporé e Muçum, no Rio Grande do Sul, sempre foi um dos destinos mais desafiadores e encantadores para aventureiros. O trajeto de 50 km, conhecido por seus túneis e viadutos imponentes, atrai entusiastas do trekking há anos. O socorrista catarinense Daniel Moraes dos Santos planejava essa jornada há cinco anos. Finalmente, acompanhado de amigos, ele encarou a caminhada – mas encontrou uma trilha muito diferente da que esperava.

Trilhos interrompidos e caminhos perdidos

A devastação causada pela cheia histórica de maio de 2024 mudou completamente a paisagem da Ferrovia do Trigo. "Tu não enxerga mais nada. Tem que subir morro. Descer morro. Há túneis interditados. Acabou com a trilha!", relatou Daniel, que também é bombeiro voluntário no estado vizinho e durante a tragédia climática esteve no RS, auxiliando no resgate às vitimas. A equipe percorreu cerca de 30 km entre Guaporé e o Viaduto 13, passando por aproximadamente 12 túneis e 8 viadutos. No entanto, deslizamentos apagaram parte do caminho.


O Futuro incerto da ferrovia

A destruição não se limita à trilha. "O trem não tem previsão de voltar a passar, se um dia voltar, pois tem viaduto que a enxurrada levou dois pilares embora. Não tem mais o que fazer!", lamenta Daniel. A degradação da ferrovia preocupa. "Tem viadutos lá que vai demorar anos se quiserem voltar a usar a Ferrovia do Trigo. Pior é que o mato está crescendo. Daqui há um ano não vai dar nem para passar a pé. Uma pena. Um lugar tão lindo!".

Apesar dos obstáculos, a jornada proporcionou momentos inesquecíveis. "Fiquei de cama dois dias. É muito ruim caminhar sob os trilhos do trem. Tem que estar preparado! Em compensação, as paisagens foram legais", compartilha o aventureiro, lembrando que o entorno do Viaduto 13, que pode ser acessado de carro, segue aberto para visitação.

Os aventureiros amaram a experiência de acampamento para pernoitar durante o percurso. Segunda relatos, a parte mais tensa foi passar pelo viaduto vazado. Onde nem todos passam devido a altura, ser vazado e não ter estrutura para se apoiar nas laterais

Um desafio extremo

A trilha completa da Ferrovia do Trigo leva, em média, quatro dias para ser concluída. O Viaduto 13, um dos pontos mais emblemáticos da travessia, tem 143 metros de altura. No entanto, os danos estruturais forçaram desvios pela mata. "Tem que abrir picada a facão para passar, porque não tem mais trilho. Tem túnel interditado, com mais de um metro de água dentro. Por conta disso, precisamos fazer desvios pela mata. A Garganta do Diabo não existe mais!", completa o catarinense.


A Ferrovia do Trigo, que já foi um símbolo de aventura e história, hoje enfrenta um futuro incerto. Entre a destruição e a resistência da natureza, restam as memórias de quem percorreu seus trilhos e a esperança de que, um dia, o caminho possa ser refeito.


Conheça a página Jornal de Ideias Comunicação Digital e confira de perto todo o trabalho realizado pela profissional que atua na produção dos conteúdos deste blog.

Não é permitido reproduzir texto, imagem ou qualquer outro tipo de produção intelectual de um blog, sem a devida autorização do autor, mesmo quando citado fonte ou os devidos créditos, conforme previsto na Lei 9610/98 









Comentários