Ranchinho de beira de estrada

 


"Em homenagem a tapera que tenho no coração"

Pobre ranchinho de beira de estrada
Não há roupas no varal, 
Nem o som das gargalhadas.
O tempo está corroendo tuas paredes,
Derrubando os galhos da figueira,
Encobrindo os rastros com a poeira.

Pobre ranchinho de beira de estrada
Hoje já não é tão risonho
Portas e janelas trancadas
Vagueia pelo nada.

Pobre, pobre ranchinho!
O vento norte leva embora
O brinquedinho que ficou esquecido
O pomar generoso,
O jardim florido,
Que a mulher plantou com seu marido
Está entregue a própria sorte
Sopra, sopra vento norte!

Pobre ranchinho da porteira
Já não tem mais o tio Silveira
nem o zelo da vó Marcina.

Sabe, ranchinho...
As enchentes e falta de luz
Não os amendrotaram 
E apesar dos temporais foram felizes.

Ranchinho que viu os filhos crescerem 
E seguirem seus destinos
Depois os viu gerar seus meninos.
Filhos de outras querências,
Outro rancho,
Outra terra,
E que talvez nunca saberão amar 
Como nós amamos isso aqui.

Oh, ranchinho! É triste viver sozinho!
Mas, o mais triste é viver longe do pago
Ter que se adaptar com essa gente e seus costumes
Que sente inveja e ciúme
E que nunca entenderá nosso caso de amor.

Da beira da estrada, pobre ranchinho
Eu te vejo abandonado.
Meu estado também é deplorável:
Sou parte do teu passado
E estas no meu presente.

Na noite o vento te embala.
Na noite de saudades eu choro.

Pobre ranchinho...
Pobre ranchinho...

Andréia Lima Pires
Barra do Ribeiro, 3 de outubro, de 1999.

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