Que saudade das festas que marcaram a juventude dos anos 1990 e 2000
em Sertão Santana, no Grêmio Esportivo XV de Novembro. Essas noites eram
verdadeiras epopeias para os jovens que se reuniam no primeiro sábado de cada
mês, prontos para viver momentos que ficariam para sempre gravados na memória.
A jornada começava cedo, com os ônibus de excursão partindo de
diversas cidades da região. Para quem fazia parte dessa peregrinação festiva, a
viagem era muito mais do que um simples deslocamento. As estradas de chão, com
poeira e barro, eram parte do ritual, e cada sacolejo no caminho só aumentava a
expectativa pelo que estava por vir. E aqui, um salve especial para os motoristas
dessa época, que desbravavam os caminhos sem deixar registro de nenhum
acidente, garantindo que a diversão começasse e terminasse sem sustos.
Chegar ao Grêmio Esportivo XV de Novembro era como adentrar um mundo à
parte. Quem chegava cedo ao salão, ainda podia flagrar o pessoal da organização
jantando, enquanto se preparava para abrir as portas de um lugar que, durante
algumas horas, seria o epicentro da vida social de Sertão Santana. E que lugar!
Com três pistas de dança – e uma quarta que existiu nos últimos anos de glória
do clube – cada uma com seu estilo musical distinto, todos encontravam seu
canto preferido para dançar, flertar, ou simplesmente curtir a música.
A terceira pista, inaugurada em 7 de setembro de 1996, foi uma
verdadeira revolução na região. Ninguém esperava a estrutura grandiosa que
encontraram ao entrar naquele espaço cuidadosamente planejado. Com a Banda Real
de Nova Petrópolis animando a festa, as 4000 pessoas que lotaram o clube
naquela noite vivenciaram um dos maiores eventos já realizados ali. Muitos
chegaram tarde e nem conseguiram entrar, tamanha era a agitação. A terceira
pista, inicialmente destinada a casais, logo se tornou o refúgio para todos que
buscavam uma atmosfera um pouco mais tranquila, mas igualmente encantadora.
E quem poderia esquecer das delícias que complementavam a festa?
Quando a fome apertava, nada melhor do que uma linguiça frita feita na hora,
preparada na cozinha que ficava ao lado dos banheiros femininos, que garantiam
a privacidade das frequentadoras com cortinas. Era um banquete simples, mas que
parecia ainda mais saboroso naquele ambiente de pura descontração.
Os anos passaram, e o Grêmio Esportivo XV de Novembro já não é mais o
mesmo. Hoje, a construção está abandonada, mas basta um olhar para ela para que
sorrisos saudosos apareçam nos rostos daqueles que viveram a época de ouro do
clube. As paredes podem estar desgastadas, mas as lembranças das amizades, dos
amores, das músicas, das danças e até das dores de cotovelo permanecem vivas.
Se existiu tempo melhor, eu desconheço. E você? Quem aí nunca foi no
XV? Essas festas eram mais do que eventos – eram experiências que moldaram uma
geração, criando histórias que continuam a ser contadas com carinho e saudade.
E para aqueles que nunca viveram essas noites, fica a certeza de que o Grêmio
Esportivo XV de Novembro, com suas pistas de dança, suas aventuras e seus
sabores, será para sempre lembrado como um dos grandes ícones das festas de
interior no Rio Grande do Sul.
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