Certa vez, durante um processo seletivo, a recrutadora girou seu
notebook em minha direção e com a tela no meu campo de visão, questionou: que
foto é essa? A mulher se referia a uma publicação feita por mim em uma das
minhas redes sociais, há certo tempo, onde publiquei a imagem da primeira
escola em que estudei. Um espaço nada convencional, improvisado num galpão de
fazenda. Sem energia elétrica, banheiro ou água encanada. Mas, que tinha uma
janela, através da qual, a professorinha do interior, me mostrou o mundo.
Surpresa e até emocionada, com a pergunta tão inusitada, sobre essa
lembrança, me pus a contar do que se tratava, embora o interesse não tenha me
parecido genuíno. Dias depois, o retorno do processo chegou, mesmo não sendo
positivo. A vida seguiu. Afinal, ela sempre segue. Porém, volta e meia me
questiono o porquê da pergunta, quando na verdade não se está interessada na
resposta.
Quem convive comigo sabe das minhas origens e das dificuldades vividas no passado. Assim, como sabem que não me sinto vitima, muito menos gosto de expor esta parte da minha história em determinados cenários, para evitar que soe como "coitadismo". Acreditem: sinto-me mesmo é uma privilegiada.
O início da minha trajetória educacional não teve luxo, pelo contrário,
foi de muito trabalho. Condições, porém, que para crianças do interior, passam
despercebidas, pois dentro do contexto em que a gente cresce e vive, isto é
absolutamente normal. Neste período da minha vida, no entanto, pude contar com
uma profissional que acreditava na educação e que por algum motivo – um toque
divino talvez – resolveu me ensinar mais do que diziam os livros. Foi ela quem
me mostrou, através daquela janela, que naquele lugar de tão poucas
possibilidades, havia um mundo inteiro a ser desbravado. Ah, como sou grata!
Hoje a pequena escola virou celeiro para cavalo, restando apenas à
marca quase apagada pelo tempo, do quadro negro que por anos, teve naquela
parede morada. A professorinha, que por mim, será eternamente amada, já
retornou para sua verdadeira morada. Mas, os sonhos que em meu coração foram plantados,
cresceram, floresceram e deram seus frutos. Gratidão por isso tudo!
Que a educação possa sempre chegar aos cantos mais remotos do Brasil e que onde ela alcance, se achegue também, professoras como a Nilza, dispostas a plantar e regar as boas sementes. E, que as crianças de hoje, compreendam, como compreendi lá no passado, o quanto a educação é salvadora.
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