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O homem que fazia versos

 


Dedicado à Waldy Würdig Ribeiro


Do funeral que agora passa diante da praça

Pouco se sabe a respeito do morto.

Uns falam que era poeta,

Outros afirmam que era louco.


O vizinho da quadra de cima,

O dono da farmácia,

O filho do padeiro

E o rapaz do porto,

Foram os únicos que apareceram

Para levar o caixão do morto.

Pequenino. Franzino.

Assim era seu corpo.

Não devia pesar, mais do que uns 40 e pouco.

Atrás do cortejo duas, três beatas,

A lavadeira e a senhora da feira.

Uns falam que era poeta,

Outros afirmam que era louco.


E, assim vai passando...

Encoberto pela garoa fina

O que sobrou do homem de dedos tortos,

Que escrevia versos,

Desde o seu tempo de moço.


Ao observar a cena,

Digna de novela de época,

me ponho a pensar:

Quantas garotas ele imortalizou com sua rima?

Quantas madrugadas vagou pelas ruas e esquinas,

A procuração de inspiração?

E, quantas canções arrancou do velho violão,

Com seus dedos que Deus só lhe deu os tocos?


Ele era um artista...

E foi por escrever versos

E falar em poesia que recebeu a fama de louco.

Não lembro de ter visto seu nome 

Em nenhuma antologia,

Talvez, porque optasse pelo anonimato.


"Devagar com o cortejo"!

- Gritei para aquela minoria.

Eu tenho que chamar a banda,

O padre, o prefeito,

As damas da noite 

E os aposentados das praças.

Não deixem que enterrem sem louros,

Alguém que com suas mãos

Escreveu tantos tesouros.


Poema autoral escrito por volta do ano 2000.

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Olhos assim

Você não deve dar crédito aos meus devaneios, Nem dizer que são feios os rabiscos que eu chamo de poesia. Você tem que continuar agindo com calma, Sem se preocupar com todas as fantasias que habitam minha alma. Nunca falei para alguém tudo que é importante para mim, Nem do fascínio que devoto por olhos assim. Então, quando fitei pela primeira vez, este céu sem lua, Percebi que jamais dormiria sossegada querendo tê-los para mim. Teu olhar castanho, que mostra teu ar tristonho, Nunca me falou dos sonhos teus. Mas despertou o brilho adormecido dos meus. Só te peço que não me judie, que não negue teu amor para mim. Eu não saberia amar outros olhos. Outros olhos assim. Porto Alegre, 27 de novembro, de 2001. Conheça a página  Jornal de Ideias Comunicação Digital   e con fira de perto todo  o trabalho realizado pela profissional que atua na produção dos conteúdos deste blog. Não é permitido reproduzir texto, imagem ou qualquer outro tipo de produção intelectual de um blog, sem a devida autori