Lagoa dos Barros e as histórias que envolvem suas águas

Foto: Rodrigo Ferrarezi

De águas naturais, a Lagoa dos Barros, localizada nos municípios de Osório e Santo Antônio da Patrulha, no Rio Grande do Sul, faz parte da paisagem de quem sai da capital em direção as praias do litoral norte gaúcho ou deixa o estado rumo a vizinha Santa Catarina. Muitos motoristas, porém, que contemplam a beleza de suas margens junto a BR-290, conhecida como Freeway, desconhecem as lendas que pairam sobre este lugar.  E, você já ouviu alguma delas?

O #PartiuAcampar separou as histórias mais populares para que os leitores aventureiros possam tirar suas próprias conclusões, sobre o que é mito ou verdade, ao passar por ela. Conheça:

A cidade submersa - para muitas pessoas existe no local uma cidade submersa, onde em dias de vento forte, o sino de uma igreja toca, fazendo com que seu som, seja ouvido na escuridão.  

A maldição – a quem diga que estas águas foram amaldiçoadas por um feitiço, o que faz com que nenhum ser vivo habite por lá.

O redemoinho – há moradores que alertam para o perigo de uma corrente circular na água que suga qualquer pessoa que tente nadar ou simplesmente, entrar na Lagoa dos Barros.

Estes motivos, por si só, já são para lá de suficientes e justificam por que nenhum passante avista turista ou pescador por ali, mas a história mais arrepiante de todas elas ainda vamos contar. Te prepara!

Foto: Márcio Jeovani dos Santos

A noiva cadáver

A lenda urbana da noiva que durante as noites dança lindamente sobre as águas da Lagoa ou pede carona aos motoristas que passam por suas margens, teve inicio em um crime real, ocorrido há mais de 80 anos atrás.

Conta-se que o corpo da jovem foi encontrado intacto, dias após seu assassinato, mesmo tendo permanecido submerso. E, que depois deste fato, caminhoneiros que passam pela região afirmam ter visto o seu fantasma pedindo carona na beira da estrada. Outros contam ainda que após atenderem seu pedido, viram a moça desaparecer feito fumaça no meio da viagem.  

A verdade sobre o assassinato

Acreditando ou não, nas histórias sobre o espírito que vaga durante a noite pela Lagoa dos Barros, um fato precisa ser revelado: o crime ocorreu e está documentado. Os laudos inéditos do assassinato que deu origem a lenda vieram à tona em 2019, quando foram divulgados pelo Instituto Geral de Pericias na ocasião do seu 22º aniversário de fundação.

A história que chocou a população porto-alegrense ocorreu na madrugada de 17 para 18 de agosto de 1940, quando Maria Luiza Häussler, de 16 anos, deixou o tradicional baile da Sociedade Germância com o namorado, Heinz Werner Schmeling, na época com 19 anos. Horas mais tarde, o rapaz foi encontrado em um bar, ferido por tiro. Já o corpo da jovem só seria descoberto na madrugada do dia 20, imerso nas águas da Lagoa, amarrado por tijolos.

Heinz foi condenado pelo assassinato dois anos depois, mesmo negando ter cometido o crime. Na sua versão, a moça teria tentado matá-lo e depois, cometido suicídio. Os indícios documentados, que fazem parte do acervo do Departamento de Criminalística do IGP, no entanto apontam para outra versão.

O que de fato aconteceu?

Foto: Divulgação IGP-RS

A moça ao dançar com vários jovens na festa, confidenciou a um deles que estava prestes a acabar o namoro de 3 anos com Heinz, que era muito ciumento. Na mesma noite, o namorado que também participava do evento, a convidou para dar uma volta e ambos seguiram de carro na direção do então Morro do Mont´Serrat, mais precisamente na Rua Casemiro de Abreu. Depois disso, Maria Luiza nunca mais foi vista com vida.

O assassino revelou às autoridades ter ocultado o cadáver da namorada na Lagoa dos Barros, localizada na estrada Porto Alegre-Tramandaí, hoje batizada como BR-290, mas seguiu afirmando que tratava-se de um suicídio.

O corpo foi encontrado com os pés imobilizados pelo próprio casaco e um arame amarrado no pescoço, preso a tijolos e necropsia apontou como causa da morte, um tiro no lado esquerdo do peito. Evidencias que tornaram infundada a versão apresentada pelo autor do crime.

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