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Socorrista por vocação: campista na linha de frente contra o vírus

A quarentena segue, enquanto o coronavírus permanece como uma ameaça real a vida humana pelo mundo todo, ainda sem uma forma de prevenção ou cura, comprovadamente eficaz. Assim, a Covid19 chegou até nós, sem aviso prévio, igualando todas as classes e nações, mudando nossa forma de trabalhar, estudar, sair à rua e de se relacionar com aqueles que nos são especiais. A humanidade nunca necessitou tanto de abraços, de encontros fora do espaço virtual e de contemplar sorrisos, hoje encobertos pelas máscaras que somos obrigados a usar. O dinheiro? Já não tem o mesmo valor de antes, e o que temos de mais caro, infelizmente, mais de 30 mil brasileiros perderam.

Ao #PartiuAcampar, grupo criado com o objetivo de divulgar a prática do campismo e aventuras vividas mundo a fora, por nossos amigos e amigas, de todo o país, cabe neste momento se solidarizar a todas as pessoas que de uma forma ou outra estão sendo afetadas por esta pandemia.

Por isto, queremos homenagear através deste espaço, profissionais, que, na linha de frente, de combate ao vírus, não podem fazer do isolamento social, sua arma contra a doença e diariamente, deixam suas casas e famílias, para fazer a diferença nas áreas onde atuam, mesmo em tempos tão difíceis.

Assim, tem sido a rotina de Daniel Moraes dos Santos, campistas por paixão há quase três décadas, motorista socorrista da Unidade de Saúde Básica 3 (USB), em Concórdia, no oeste de Santa Catarina, há 6 anos e membro do Corpo de Bombeiros Voluntários, da mesma cidade, desde 2002, onde dedica 30 horas mensais.

A escolha pela profissão

O catarinense de Irani, conta que a escolha pela profissão teve origem no voluntariado junto ao Corpo de Bombeiros. Há 20 anos, quando na adolescência, muitos queriam ser policiais, bombeiros, Daniel já fazia planos para o futuro.

Em Santa Catarina, segundo ele, existe um grande diferencial das demais regiões do Brasil, pois foi neste estado que 130 anos atrás, nasceu à profissão de bombeiro voluntário, que hoje já existe em todo país.

“É uma doação sem ganhar nada. Duas horas, duas noites ou dois dias, por mês, voluntariamente, para se dedicar ao município e aos seus habitantes”, resume o campista.

Ao completar o ensino médio, o jovem, movido pela adrenalina, não teve dúvidas sobre dedicar seu tempo a auxiliar o próximo. Frequentou o curso preparatório e gratuito de um ano para atuar na área e aprendeu todo o trabalho que um bombeiro desenvolve em seu dia a dia nos atendimentos clínicos.

A nova rotina

“O trabalho da SAMU, neste momento de pandemia, tem sido o de conduzir pacientes em estados mais críticos, que necessitam de oxigênio ou alguma medicação. Pessoas que têm dificuldade de locomoção ou alguma doença crônica, na qual seja indispensável o uso de equipamentos disponíveis na ambulância, fazem parte do público atendido em nossos plantões”, explica o socorrista.

Em atendimentos mais críticos, como acidentes, paradas cardíacas ou gestantes em trabalho de parto, não há as chamadas entrevistas por telefone, realizadas pelo médico plantonista, cabe a equipe se deslocar até o local e lá avaliar a situação. “É uma corrida contra o tempo”, enfatiza o motorista.

Nos casos de coronavírus, a avaliação médica é feita por telefone e seu resultado é que determinará ou não, o deslocamento da ambulância, para remover o paciente até o hospital. “Esta tem sido a sistemática dos nossos plantões aqui no estado, para atender pacientes positivos ou com suspeita da Covid,” acrescenta Santos.

Na cidade de 80 mil habitantes e apenas uma equipe, composta por um motorista socorrista e uma técnica em enfermagem, a cada plantão, para atender os chamados USB, faz com que rotina de trabalho seja bem agitada. O suporte médico telefônico, por sua vez, é o terceiro braço do serviço entregue a população local através da SAMU.

O socorrista também salienta que “o número de ocorrências aumentou significantemente com a pandemia, tanto medicando pacientes em suas residências, como fazendo o deslocamento para o hospital sempre que necessário. Há neste momento uma grande resistência dos doentes em irem até a instituição hospitalar. A maioria prefere receber o tratamento onde está, para evitar a exposição ao vírus, 99% presente nos hospitais”.

Evitando o contágio

Para evitar o contágio, o profissional da saúde, faz uso de todos os equipamentos orientados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). “Nós como condutores, técnicos e médicos, precisamos nos prevenir e muito, vestindo roupas e botas especiais, máscaras diferenciadas, óculos de proteção, capacete com viseira e luvas descartáveis, que chegam a ser três, uma por cima da outra. O ponto inicial de cada atendimento é colocar uma máscara no paciente, caso o mesmo não esteja usando e a termino de cada ocorrência voltar para a base e fazer uma desinfecção total em todos os equipamentos, na ambulância e nos uniformes. Mesmo depois de tudo isto, há ainda, um procedimento no veículo com ozônio, por 8 minutos”, relata.

Cuidados em família

“Nós somos uma instituição que não pode parar. Todo mundo parou na quarentena, mas a gente esteve sempre na rua, cumprindo com nosso papel”, destaca o motorista socorrista, pai de Letícia, uma bebê de 5 meses.

Sobre o relacionamento com a filha e a esposa Camila, em tempos de pandemia, o profissional destaca que os cuidados têm sido ainda maiores: “Tenho optado por receitas naturais, que tenham poderes medicinais, como as que têm por base o limão e própolis, para aumentar minha imunidade. No mais é torcer para não contrair o vírus”.

As roupas utilizadas no trabalho são lavadas na própria instituição ou quando levadas para casa, ficam na parte externa, onde também acontece o banho e a higienização com algo gel, antes de acessar a residência.

“Infelizmente não temos outra escolha. Em alguns locais, profissionais da área da saúde, receberam a opção de ficar em apartamentos locados pelas empresas onde atuam, evitando assim o contato com a família e os riscos de contágio. Tenho me cuidado o máximo que posso, dentro da realidade onde estou inserido e espero não me contaminar”, desabafa Daniel.

A paixão por acampar

Para Daniel, acampar é uma paixão que vem desde a adolescência. “Na minha formatura como bombeiro há 20 anos, ganhei de presente uma barraca dos colegas. Foi algo marcante para mim, pois todos sabiam do meu gosto por camping, pescaria e aventuras”, relembra.

Nas tralhas de acampamento do campista, não falta é claro um kit de primeiros socorros e o colete salva vidas. “Nunca entro na água sem ele e esta é uma dica que passo as pessoas que encontro. Por mais que se saiba nadar, que seja um profissional na água, use-o. Ninguém está livre de ter uma câimbra, um desmaio ou um mal subido, dentro do mar ou num banho de rio. O risco de morte por afogamento nestas situações é muito alto, não vale a pena arriscar”, alerta.

Fotos: arquivo pessoal

Campistas na linha de frente contra o vírus

Da mesma forma que homenageamos os profissionaisda da enfermagem, queremos também contar a história de trabalhadores dos mais diversos setores, que seguem na linha de frente, para que o Brasil não pare e a saúde da população siga em primeiro lugar.

Ajude o #PartiuAcampar a alcançar campistas e aventureiros que neste momento, têm feito diferença em sua área de atuação, escrevendo sua sugestão de pauta para jornaldeideias@gmail.com.

 Clique aqui para participar do grupo #PartiuAcampar e descubra coisas novas com a gente toda semana sobre a prática do campismo, Este espaço é de todos! 

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Comentários

  1. PARABÉNS GRANDE DANIEL PELO BRILHANTE TRABALHO QUE TENS PRESTADO COM MUITO ESFORÇO, DEDICAÇÃO E RESPONSABILIDADE.

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Você não deve dar crédito aos meus devaneios, Nem dizer que são feios os rabiscos que eu chamo de poesia. Você tem que continuar agindo com calma, Sem se preocupar com todas as fantasias que habitam minha alma. Nunca falei para alguém tudo que é importante para mim, Nem do fascínio que devoto por olhos assim. Então, quando fitei pela primeira vez, este céu sem lua, Percebi que jamais dormiria sossegada querendo tê-los para mim. Teu olhar castanho, que mostra teu ar tristonho, Nunca me falou dos sonhos teus. Mas despertou o brilho adormecido dos meus. Só te peço que não me judie, que não negue teu amor para mim. Eu não saberia amar outros olhos. Outros olhos assim. Porto Alegre, 27 de novembro, de 2001. Conheça a página  Jornal de Ideias Comunicação Digital   e con fira de perto todo  o trabalho realizado pela profissional que atua na produção dos conteúdos deste blog. Não é permitido reproduzir texto, imagem ou qualquer outro tipo de produção intelectual de um blog, sem a devida autori