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Câncer de mama em pets: prevenção, diagnóstico e tratamento

Foto: Andréia Pires
Médica veterinária orienta como diminuir o risco de desenvolvimento da doença

A alta incidência de tumores nas mamas em animais de estimação torna cada vez mais necessária a conscientização de tutores sobre prevenção, diagnóstico e tratamento das neoplasias, forma como o tipo mais comum de câncer é detectado em fêmeas de cães e gatos.
Maria Ines Witz, professora do curso de Medicina Veterinária da Universidade Luterana do Brasil e especialista nas áreas cirúrgica, ortopédica, odontológica e oncológica, considera o exame periódico de toque extremamente importante para a identificação precoce de anomalias na região mamária e uma rápida e eficaz ação terapêutica.
“Da mesma forma como a apalpação da mama é fundamental para o diagnóstico precoce em mulheres, também se faz essencial nos animais. O tutor precisa ser incentivado a realizar este procedimento nas cadelas, desde os bracinhos até as perninhas, realizando o toque por toda região, composta por cinco pares de mamas nas fêmeas de cachorros e quatro nas gatas”, explica a docente que, há mais de 25 anos, atua na Instituição.
O melhor período para realização do toque é o pós-cio, já que, durante o ciclo, as glândulas mamárias tendem a aumentar de volume, dificultando a avaliação. Nas fêmeas já castradas, o ideal é criar uma rotina, realizando o procedimento a cada seis meses no máximo, frequência que pode ser aumentada para 30 em 30 dias de acordo com a idade do pet. Nas cadelas, a maior incidência de câncer é a partir dos 8 anos, embora as neoplasias já possam aparecer nos primeiros 24 meses de vida. Nas fêmeas do gato, a doença se apresenta de forma mais tardia, geralmente após a primeira década de existência.

A busca por tratamento
O tratamento assertivo e de maior êxito é aquele que identifica nódulos nas glândulas mamárias ou na periferia dos mamilos de forma precoce. Estes tumores, da mesma forma como acontece nos seres humanos, se apresentam como benignos e malignos, num percentual de 40 e 60%, respectivamente.
“Cabe salientar que esse índice varia de local para local, mas é uma estimativa quando falamos em cadelas. Nas gatas, 90% dos casos são malignos. Embora a incidência de tumoração em fêmeas de cachorro seja maior, nas felinas, os casos, em geral, são de neoplasia maligna”, explica a especialista.
A identificação, feita através de biopsia aspirativa, com a introdução de uma agulha no nódulo para coleta de células, acontece em até três dias. Ambos os resultados encaminham o paciente para a remoção das neoplasias, variando apenas na urgência da realização do processo cirúrgico.
Uma fêmea, ao receber o diagnóstico de tumor de mama maligno, fará, no primeiro momento, o estadiamento dessa lesão com raios X de tórax e eco abdominal, buscando a existência de metástases. Quando o resultado for negativo para a presença de migração por via sanguínea ou linfática e se tratar de um tumor pequeno e não agressivo, a necessidade de tratamento quimioterápico pode ser descartada. Por essa razão, o diagnóstico precoce se faz tão importante.
A médica veterinária acrescenta que, “quando se tem uma situação de tumor mais ameaçador, com maior lesão e tamanho de tumoração relacionado ao prognóstico do paciente, é recomendada a quimioterapia. O processo realizado nos pets é semelhante ao aplicado em humanos com a administração de grande parte das drogas via venosa em intervalos terapêuticos de uma semana, pelo período aproximado de quatro a seis meses”.
Nos animais, esse tratamento tende a não ser tão marcado como na espécie humana em relação aos efeitos colaterais, por não conter doses tão elevadas de drogas, fator que resultaria em um suporte ainda maior a estes pacientes. Diarreia, perda de pelos, náuseas, vômitos, lesões renais, cardíacas e inapetência são alguns dos efeitos que podem ser apresentados pelos pets.

Ações preventivas
Cães de todas as raças e gatos, em sua maioria siameses, são os animais domésticos mais propensos a desenvolver câncer de mama. Por essa razão, o primeiro e mais importante passo para o combate da doença é a prevenção.
“Em termos de precaução, a castração precoce é a indicação mais recomendada, devendo ser realizada antes do primeiro cio. Reduzindo a incidência de casos em cadelas de 0,5%, após o primeiro e antes do segundo, esse número aumenta para 8%, chegando a 26% depois do terceiro, fase em que, com a mudança de panorama, a questão de ser castrada ou não deixa de fazer diferença diante dos riscos de desenvolver as neoplasias”, alerta a mestre em Medicina Veterinária.
A expectativa da chegada à maturidade sexual em fêmeas de cachorro é de que ela ocorra entre os 6 e 9 meses de idade, repetindo-se a partir deste ponto a cada 180 dias. Nas felinas, esse período costuma acontecer pela primeira vez com o mesmo tempo de vida, a diferença está nos ciclos que tornam a se repetir a cada trimestre.
Sobre o uso de contraceptivos, Maria Ines explica que “a administração de hormônios para prevenir uma gestação funciona de forma adequada quando administrada no período certo do ciclo estral das fêmeas. Como essa aplicação acontece geralmente de forma errada, não havendo a verificação dessa fase, a chance de um comprometimento de útero e mama pelo excesso da droga é muito maior que o benefício. Somente uma citologia vaginal identificaria o momento em que o animal se encontra para realizar a aplicação do anticonceptivo”.

Estimativa de vida
De acordo com a especialista, os gatos vivem aproximadamente 17 anos, podendo chegar aos 22. Estimativa válida para animais que ficam dentro de casa, não estando expostos aos riscos externos. Nos cães, a faixa etária máxima chega a duas décadas, podendo diminuir para os 14 anos em casos de raças maiores que tendem a ter uma vida mais curta.
“Por essa razão, existe uma maior incidência de tumorações. Os pets estão vivendo mais. Estão recebendo mais cuidado e há um tempo maior de vida para o surgimento de enfermidades”, destaca a professora.

Machos x câncer
A ciência não aponta para casos de câncer de mama em gatos, enquanto nos cachorros o índice de ocorrências, embora baixo, registra em sua grande maioria a presença de neoplasias malignas.
Os cães machos são encaminhados para tratamento, por seus tutores, em uma fase de intermediária para inicial da doença, o que auxilia no êxito da ação terapêutica.
“A incidência do câncer de mama, não apenas em fêmeas, se dá ao fato dos pets machos possuírem parênquima mamário, que, embora não desenvolvidas, estão sujeitas ao surgimento de neoplasias”, justifica Maria Ines.
Os pequenos roedores, grupo onde se incluem ratos e hamster, são outras espécies com maior incidência de casos da doença.

Tratamentos disponibilizados no Hospital Veterinário
O Hospital Veterinário, localizado no campus Ulbra Canoas, no Rio Grande do Sul, dispõe de todas as etapas de tratamento do câncer de mama. Oferecendo, além das terapias regulares disponíveis à população de toda região, o benefício de atendimentos diferenciados para a comunidade carente. Procedimentos clínicos e cirúrgicos podem ser realizados dentro das disciplinas por alunos do curso de graduação em Medicina Veterinária com a cobrança de valores simbólicos. Possibilitando aos tutores com baixa renda comprovada o tratamento de seus pets com valores até 90% mais baixos que os praticados pelo mercado.
“A quimioterapia é o único procedimento não subsidiado pela Ulbra em função do valor elevado das drogas e por não se tratar de uma rotina do treinamento de aula dos acadêmicos”, justifica a docente.
Os futuros profissionais de Medicina Veterinária da Universidade, embora não integrem as equipes de tratamento quimioterápico, participam das indicações e acompanhamentos da rotina dessa possibilidade, seja nos estágios voluntários ou curriculares.
Para encaixe dos pets nos atendimentos realizados em sala de aula, os tutores devem passar pela disciplina de Medicina de Cães e Gatos, cujas atividades práticas realizadas nas segundas-feiras à tarde e quartas-feiras pela manhã. Por lá, acontece o direcionamento para a efetização do procedimento em Cirurgia Veterinária II, responsável pelo tratamento das patologias mais específicas. Existe, também, a possibilidade de entrada pelo Hospital, onde os atendimentos são feitos pelos residentes, que fazem o devido encaminhamento. Todas as opções mencionadas incluem o pagamento de uma pequena taxa.
Outras informações sobre o trabalho realizado podem ser obtidas pelo telefone (51) 3477-9212, através do e-mail hospitalveterinario@ulbra.br ou pessoalmente na Av. Farroupilha, 8.001, bairro São José.

Fonte: Universidade Luterana do Brasil

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