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Congelamento de óvulos: dez perguntas e respostas


Não é novidade que mulheres vêm adiando cada vez mais uma gravidez em nome da carreira. Já em outros casos, elas simplesmente não encontraram o “homem certo” e veem o tempo passando. Há também aquelas que, infelizmente, irão começar um tratamento de quimioterapia, por exemplo, o que provavelmente irá prejudicar suas chances de engravidar no futuro. Assim, para todos esses casos, uma das opções que aquelas que sonham em ser mãe encontram é o congelamento de óvulos. Trata-se de um avanço de medicina reprodutiva e, como todos os outros que vieram anteriormente, levanta algumas dúvidas e receios. Pensando nisso, o especialista em Medicina Reprodutiva Arnaldo Cambiaghi, diretor do Centro de Reprodução Humana do IPGO, responde algumas questões, confira:

1- Quais mulheres devem considerar a opção do congelamento de óvulos?

O Congelamento de óvulos é benéfico para todas as mulheres que desejam preservar sua fertilidade para o futuro. As indicações para o procedimento são:

I) Mulheres solteiras com pouco menos de 35 anos preocupadas com a diminuição progressiva de sua fertilidade: embora os constantes avanços da ciência tenham ajudado casais a alcançarem o sonho de ter filhos, a realidade ainda está longe de evitar o envelhecimento dos óvulos. Se no passado o início da maternidade era aos 20, hoje a média de idade do primeiro filho supera os 30 anos, com tendência a aumentar. Atualmente, observa-se que um em cada cinco nascimentos é de mães com idade superior a 35 anos. Algumas situações e mitos podem confundir as mulheres ainda mais, por exemplo:

• a ideia de que, atualmente, 40 anos equivalem aos 30 de antigamente;
• todo mundo fala que ela esta ótima para a sua idade;
• achar que a tecnologia e a ciência são capazes de resolver todos os problemas da fertilidade, independentemente da idade da mulher;
• achar que é improvável ser infértil por que teve um bebe há cinco anos;
• veio de uma família fértil e seus avós tiveram um novo filho após os 45 anos;
• usa pílula por muitos anos e por não ter ovulado neste período acredita que seus óvulos foram preservados;
• faz exercícios frequentemente, tem uma dieta saudável e uma boa qualidade de vida, logo, imagina que quando desejar ter filhos não terá dificuldades;
• teve um aborto há dois anos, quando tinha 43 anos, por isso tem certeza de que pode engravidar;
• acha que como pessoas conhecidas tiveram filhos com mais de 40 anos, ela também pode;
• sente-se muito jovem para entrar na menopausa.

II) Mulheres com histórico familiar de menopausa precoce
III) Fertilização in vitro (FIV): em ciclos de FIV, algumas vezes pode haver excesso de óvulos e o casal preferir evitar um número excessivo de embriões, o que implicaria em problemas éticos e pessoais de “descarte”. O congelamento de óvulos resolve estes problemas, pois óvulos são células, não são seres vivos, e podem ser descartados se não forem utilizados.
IV) Mulheres que serão submetidas a tratamentos oncológicos
V) Programa de banco de óvulos: com a vitrificação de óvulos, hoje é possível que pacientes que desejam doar seus óvulos não precisem aguardar que se encontre uma receptora.

2- Como é a técnica do congelamento de óvulos?

Embora o esperma e os embriões revelaram-se fáceis para congelar, o óvulo é a maior das células no corpo humano e contém uma grande quantidade de água. Quando congelado, forma cristais de gelo que podem destruir a célula. Ao longo dos anos aprendemos que devemos desidratar o óvulo e substituir a água com um “anticongelamento” antes de congelá-lo, a fim de evitar a formação de cristais. Aprendemos também que, porque a casca do ovo endurece quando congelado, o esperma deve ser injetado com uma agulha para fertilizar o óvulo usando uma técnica padrão conhecida como ICSI (injeção Intracitoplasmática de espermatozoide).

3-Quanto tempo demora este processo?

Para se obter os óvulos, a paciente passa pelo mesmo processo de estimulação dos ovários que se realiza na fertilização in vitro, isto é: medicamentos injetáveis são aplicados para que aumentem os números de óvulos recrutados. Esta fase dura de 8 a 12 dias. No fim deste período, os óvulos estarão maduros e serão aspirados (removidos) com uma agulha colocada na vagina sob orientação ultrassonográfica. Este procedimento é feito sob sedação endovenosa e não é doloroso. Os óvulos são imediatamente congelados após sua retirada, ao invés de serem fertilizados. E só quando a paciente desejar serão descongelados, fertilizados e os embriões “colocados” (transferidos) no útero. O processo todo demora de 4 a 6 semanas.

4-Como é feito, passo a passo?

Resumo:

Estimulação ovariana
Os melhores resultados do congelamento são obtidos quando coletamos os óvulos já maduros, pois só estes são possíveis de fertilizar. A maturação in vitro dos óvulos é possível, mas não obtém ainda os mesmos resultados. A estimulação dos ovários tem o objetivo de produzir um número maior de óvulos maduros para serem congelados. É feita com medicamentos orais que aumentam as gonadotrofinas endógenas e/ou por meio de injeções subcutâneas de gonadotrofinas exógenas.

Bloqueio hipofisário
Tem o objetivo de impedir que a ovulação ocorra antes do momento da captação dos óvulos e de garantir a maior precisão no acompanhamento do desenvolvimento folicular.

Aspiração e recuperação dos óvulos
Sob sedação endovenosa, os folículos são aspirados por meio de uma agulha acoplada a um transdutor de ultrassom transvaginal e o líquido imediatamente encaminhado aos embriologistas para separarem os óvulos do conteúdo aspirado.

5-Quanto tempo os óvulos podem permanecer congelados?

Não há limite. Os óvulos ficam armazenados da mesma maneira que os embriões, utilizando uma temperatura de congelamento de -196º graus. Com base em evidências científicas, bem como a nossa experiência de conseguir a gestação com embriões, há segurança que o armazenamento de longo prazo de óvulos congelados não resulta em qualquer redução na qualidade.

6-Quantos óvulos devem ser congelados para conseguir uma gravidez?

Com base em dados preliminares, do nosso estudo e de outros, as taxas de degelo do óvulo é de 75% e taxas de fertilização de 75% são esperadas em mulheres de até 38 anos de idade. Assim, se dez ovos são congelados, sete devem sobreviver ao descongelamento e, de cinco a seis, são esperados para fertilizar e se tornar embriões. Geralmente três a quatro embriões são transferidos em mulheres acima de 38 anos de idade. Recomendamos, portanto, que pelo menos oito óvulos sejam armazenados para cada tentativa de gravidez. A maioria das mulheres de 38 anos de idade ou menos pode esperar para colher de 10 a 20 óvulos por ciclo.

7-Quais as taxas de sucesso?

O quadro abaixo demonstra as chances de sucesso de acordo com idade da mulher. Estes resultados têm nos encorajado, cada vez mais, na indicação deste procedimento.


8- E se a mulher tiver mais do que 38 anos de idade, qual a taxa de gravidez?

As taxas de gravidez de óvulos congelados vão depender da idade no momento em que os óvulos foram congelados, e não na idade em que serão implantados. Portanto, a possibilidade de gravidez futura em mulheres com idade superior a 38 anos no momento do congelamento é menor do que a observada para as mulheres mais jovens. Embora as taxas de sucesso sejam menores em idades mais avançadas, é sempre bom lembrar que isto não significa a impossibilidade e, muitas vezes, esta é a única alternativa no momento.

9-O congelamento de óvulos é seguro?

Milhares de bebês nasceram de óvulos congelados e nenhum estudo demonstrou aumento da taxa de defeitos congênitos, quando comparados à população geral nem aumento das taxas de defeitos cromossômicos entre embriões oriundos de óvulos congelados em comparação com embriões derivados de óvulos frescos.

10-Quais são os custos?

Os custos para o congelamento de óvulos correspondem aproximadamente a 80% de uma fertilização in vitro convencional. Esta estimativa inclui monitoramento, medicamentos e congelamento de óvulos. A paciente deverá pagar uma taxa anual de manutenção deste congelamento. Os exames investigativos laboratoriais prévios para avaliar o potencial e a saúde reprodutiva da paciente estão excluídos deste orçamento e poderão ser feitos pelo plano de saúde.

Fonte: Arnaldo Schizzi Cambiaghi é diretor do Centro de Reprodução Humana do IPGO, ginecologista-obstetra especialista em medicina reprodutiva. Membro-titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Laparoscópica, da European Society of Human Reproductive Medicine. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa casa de São Paulo e pós-graduado pela AAGL, Illinois, EUA em Advance Laparoscopic Surgery. Também é autor de diversos livros.

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