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Precisamos falar sobre depressão!

Foto: Arquivo Pessoal
O silêncio necessita ser quebrado. Depressão é assunto sério. Uma doença que não apresenta sintomas físicos, mas causa profundos estragos na alma.
Diferente da maneira como é visto por muitas pessoas, este distúrbio afetivo, que tem sido o grande vilão do século, não é uma bobagem passageira. Precisa de atenção e tratamento.
Com a auto estima atingida e os sentimentos de inferioridade, tristeza e pessimismo batendo a porta, o doente não consegue ver saída para os problemas e acaba pondo fim na própria vida.
Histórias assim se repetem diariamente, mas nosso mundo não é impactado por estas notícias, pois há uma silenciosa convenção entre as mídias que veta publicações desta espécie, afim de não alimentar a ideia de novos casos.
A gaúcha Patrícia Santiago em seu último e derradeiro ato traduziu em palavras toda a angústia de seu coração numa carta aberta publicada no Facebook, instantes antes de cometer suicídio.
Na mensagem postada na segunda-feira, 14 de agosto, às 14h50min, a jovem mulher, moradora de Canoas no Rio Grande do Sul, que inicia dizendo “a vida é feita de escolhas e eu escolhi morar com Deus”, explica seus motivos e aponta dois profissionais locais como pivôs desta trágica decisão.
No relato a empresária conta como o sonho de abrir sua boutique virou pesadelo e a maneira como estes acontecimentos a arrastaram para um caminho solitário e devastador: “Eu sinceramente não acredito e não estou acreditando que estou passando por tudo isso. É um sonho indo ralo a baixo e eles não estão tendo a noção do tamanho do estrago que fizeram dentro de mim!”, lamenta ao se referir aos prestadores dos serviços contratados.
Entre os sintomas relatados por Patrícia está a falta de ânimo para as atividades do dia a dia, a ausência de apetite e as frequentes crises de choro, que segundo ela podem parecer bobagens na visão de algumas pessoas, mas que a haviam lançado no fundo de um poço, tomada por uma grande aflição.
“Eu queria ser forte para isso, mas não estou conseguindo suportar essa dor, é um sonho que se tornou pesadelo, tô pirada, tô surtada, tô triste e amargurada e a arquiteta quer que eu engula as coisas AFIRMANDO que eu pedi daquela forma”, desabafou em outro trecho.
Afirmando ser fraca por não saber lidar com este tipo de sentimento a mulher faz citações à mãe e ao esposo, pessoas de extrema importância em sua vida e que serão, de acordo com ela, as mais impactadas com sua partida precoce.
“Eu tentei lutar contra isso mãe, mas foi mais forte que eu, fica bem véia, eu amo muito a senhora. A senhora é minha rainha, me cuidou, me protegeu, me abraçou, me levantou, esteve comigo em todos os momentos da minha vida, nunca me abandonou, até suportava meus momentos de "pitis" me acalmava e depois voltava tudo ao normal”, despediu-se.
Ao marido ficou a mensagem: “Perdão por ser fraca, meu amor! Você não queria que eu fizesse isso, lutou tanto contra esse meu sentimento suicida e hoje estou fazendo isso com a gente. Me sinto envergonhada, mas é mais forte do que eu. Eu não quero mais viver assim, estou amparada por todos, mas ao mesmo tempo me sinto vazia e perdida”.
Em suas últimas palavras e talvez sem imaginar à grande proporção que seu relato teria nesta rede social, Patrícia falou sobre a ausência das pessoas que se dizem próximas nos momentos difíceis:
 “Se todos soubessem o que estou passando, não ficariam me dando conselhos e sim ficariam diariamente ao meu lado! Uma visita, um café, um chimarrão ou até mesmo me chamariam para conversar! Mas não, as pessoas só fingem que se importam com a gente!”.
Que além do sofrimento silencioso relatado tarde demais pela empresária, fique a lição para todos aqueles que convivem com pessoas depressivas, encontrem uma maneira de se mostrarem mais atentos e presentes enquanto é possível.
É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã no HOJE, outro dia pode não dar mais tempo. Pode ser tarde demais.

Trecho da carta publicada com Patrícia em seu perfil no Facebook.

O mal do século

A psicóloga Kelen Bridi explica que a depressão é um termo utilizado para configurar um transtorno mental, mas que também vem sendo empregado na definição do sentimento de tristeza diante de situações cotidianas.
Antes do diagnóstico, alguns sintmas devem estar presentes por um período mínimo de duas semanas, percebendo uma mudança em relação a um funcionamento anterior. A maior incidência de depressão está relacionado a um ‘Transtorno Depressivo Maior’ cujos indícios são: humor deprimido (sentir-se vazio, sem esperança); uma diminuição acentuada do interesse ou prazer por atividades do dia a dia; pode haver perda ou ganho significativo de peso; dificuldades para dormir; agitação, cansaço, sentimentos de inutilidade, desvalia ou culpa, dificuldades para se concentrar bem como pensamentos recorrentes sobre morte, ideação suicida.
“O tratamento da depressão envolve uso de medicação, que deve ser indicada por um Psiquiatra. A psicoterapia individual, de abordagem psicanalítica, pressupõe uma atenção aos sintomas depressivos, buscando trabalhar, de forma progressiva, as principais dinâmicas inconscientes envolvidas, entre elas a vulnerabilidade emocional em termos de constituição da imagem de si, a rigidez e cobrança excessiva, sentimentos de culpa e expectativas idealizadas e desvalorizadas de si, entre outras. Os motivos que desencadeiam uma depressão podem ser tanto de origem externa (social/ambiente), quanto de origem interna. Podendo cada pessoa pode apresentar razões diferentes que justificam o estado depressivo. De qualquer forma, há um trabalho conjunto com o paciente de compreender como as situações afetam a sua estabilidade emocional, fortalecendo para o enfrentamento de novas vivências que possam desencadear uma crise depressiva”, explica a especialista.

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