Maria do
Carmo,
Maria Alice,
Maria Julia,
Maria Paula,
Maria José,
Maria Rita
Ou
simplesmente Maria.
Estas são
algumas variações do nome,
De vidas que
nunca se cruzaram,
Mas que
foram sentenciadas ao fim trágico
De suas
histórias.
Quem se
cansa de falar de sua Maria?
De relembrar
o riso,
O jeito de
mexer no cabelo,
A blusa que
mais usava,
‘a maneira
única de ser ela mesma’?
Como já
cantou Milton
‘Maria é um
dom,
Uma certa
magia
Uma força
que nos alerta
Uma mulher
que merece
Viver e amar
Como outra
qualquer
Do planeta’...
A letra da
canção unifica todas as Marias
Até as que
carregam outro nome
Em seu registro
Pois à
mulher é concedido o direito
‘de viver e
amar
Como qualquer
outra do planeta’
Então por
que levam nossas Marias?
Por que nos
arrancam seu som, sua cor, seu suor,
Sua dose
mais forte e lenta?
Apagando o
brilho e a garra
De quem
sabia rir,
Quando devia
chorar?
E não vivia,
apenas agüentava as lutas diárias,
Com a incrível
mania de ter fé na vida?
Quem fica
precisa ter força
Precisa ter
raça
Precisa ter
gana sempre
Por trazer no
coração a marca
De ter
perdido sua Maria
Conviver com
a mistura de dor e a alegria
Que sua
existência nos deixa.
E é preciso
ter manha
É preciso
ter graça,
Para não
morrer afogado nas desgraças
Que acompanhamos
pelos jornais.
É preciso
ter sonho sempre,
Pois um dia
a vida há de melhorar,
Mesmo sem
nossas Marias.
Para minha tia Maria do Carmo, assassinada em outubro de
2014.
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