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Saúde Pública x Saúde Privada

O descaso no mesmo balaio!

André Luis Pires da Rocha é mais uma vitima da precariedade da saúde no Brasil. Na terça-feira, 22 de julho, o homem de 55 anos que se recuperava gradativamente de uma queda que o deixou tetraplégico há pouco menos de 4 meses, passou mal em sua residência e foi encaminhado ao Pronto Atendimento Unimed Guaíba.

Os familiares que acompanhavam André relatam que a plantonista da manhã solicitou exames de sangue e urina sem ao menos ter examinado o paciente, que medicado pelos sintomas ficou no aguardo dos resultados dos exames. Ao passar o efeito da medicação os sintomas continuaram a se agravar. O familiar que estava com o doente chamou os enfermeiros que aplicaram novas medicações sobre a orientação do médico, que mais uma vez não foi averiguar pessoalmente o estado do homem. A equipe de enfermagem também não verificou pressão, febre e batimento cardíaco. Não realizando os procedimentos que indicariam as possíveis causas da enfermidade. O descaso se estendeu até na troca de frauda do paciente, que não foi substituída entre 13hs e 16h30min, mesmo sendo uma forte diarreia um dos sintomas apresentados por André. Os pedidos de ajuda, feitos pela familiar que o acompanhava e percebia que a cada vez mais o quadro se agravava, foram ignorados.

O plantonista da tarde entregou a receita ao acompanhante às 16hs15min, dizendo que o paciente estava
Arquivo pessoal
com infecção urinária e intestinal, podendo realizar o tratamento em casa. Houve relutância por parte da família em aceitar o diagnóstico médico e a liberação do atendimento, pois André suava gelado, reclamando de dor, falta de ar e desconforto, além da diarreia que não cessava. Quinze minutos mais tarde a enfermagem veio fazer a troca de fraldas, sendo alertada pelo familiar que tanto o cheiro, como a cor das fezes, estava muito estranha. O profissional não se manifestou diante dos fatos e apelos, cumprindo unicamente a tarefa de limpar o paciente e deixar o box pedindo que aguardassem a ambulância para a remoção até a casa.

Houve uma nova tentativa de convencer a equipe de enfermagem sobre a gravidade do caso antes do homem ser liberado, porém em momento algum houve acolhimento por parte dos profissionais que atendiam no período da tarde. Que apenas repetiam a cada vez que eram solicitados que se tratava de um quadro normal e que tudo que poderiam fazer era sobre a orientação do médico, o que já havia sido feito.   
Em casa, André continuava a se sentir muito mal, mesmo com os familiares seguindo os procedimentos orientados pelo médico comprando os medicamentos receitados, nada aliviava os sintomas e o desconforto continuava. Diante da gravidade do estado de saúde do paciente, a família mais uma vez se deslocou até a Unimed Guaíba, onde logo ao chegar receberam a notícia através do plantonista da noite que André Luis não resistiu e veio a falecer.

Pai de um menino de 8 anos, o cadeirante recebia acompanhamento duas vezes por semana no Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre e nos outros três dias era atendido a domicílio por um fisioterapeuta particular. Não havia nenhum problema clinico até o momento e todos estavam surpresos pela sua recuperação tão rápida que o homem apresentava diante do tratamento que vinha recebendo. Resultado que surpreendia até a equipe médica do hospital que o acompanhava desde o acidente.

A família enlutada clama por justiça, para que outras pessoas não sejam vitimas do descaso e da falta de profissionalismo na área da saúde. Problema que já não é apontado somente na rede pública. Atendimentos particulares e através de convênio estão deixando muito a desejar. A saúde no Brasil está doente e não há políticas capazes de encontrar um tratamento adequado para extinguir este mal. Estamos todos jogados a própria sorte, seja em postos municipais ou em redes conveniadas.

Esperamos que André não seja apenas mais uma vitima, já que infelizmente não será o único. Lutaremos por mais dignidade e acolhimento nos momentos em que tantos precisamos da ajuda daqueles que em seu juramento prometeram lutar pela vida. A precariedade da saúde mata, mas o descaso de seus profissionais mata bem mais.

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