O remédio do tempo


Por vezes parar já é avançar
E a arte do querer se entrega ao prazer.
O que fazer com frases bonitas
Se no fundo estou doendo de saudade?
Talvez agora seja tarde,
O trem das onze já partiu
E no relógio os ponteiros vão ao encontro
Um do outro.
Só nós dois
Permanecemos tão distantes!
Ouso um bater de portas
E digo a mim mesma:
“Não se assuste! É só o vento!”
Mas antes que meus olhos se fechem
Aconchegados na poltrona fria
Um velhinho se aproxima dizendo ser o tempo
- senhor de toda razão.
“O que tens a dizer para esta alma solitária?”
Pergunto-lhe então.
Segurando minhas mãos
Antes de desaparecer pela sala, ele diz assim:
“Eu sou o remédio para tudo”!


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