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Papo de Poetas na Feira

Crédito da Imagem: Gabriele Duarte


Carlos Drummond de Andrade e Mário Quintana já podem ser vistos juntos novamente na Praça da Alfândega após meses separados. O motivo do encontro dos poetas é a 58ª edição da Feira do Livro de Porto Alegre, que prossegue até domingo.

Enquanto Drummond folheia seu livro, Quintana observa os passantes.

- Meu velho amigo, será que estes meninos se reconhecem em nós?, questiona, Quintana.
- Tu és o poeta das coisas simples! É impossível que uma pessoa que ainda se encanta com a beleza da vida não se veja em ti! Quem consegue ser como tu, passarinho, sabe que as coisas ruins passarão e achará o caminho por tua ruazinha desconhecida... Lembrando-se certamente de alguma obra escrita por tuas mãos e te amando, porque o amor existe quando a gente mora um no outro, retruca Drummond.
- Drummond, Drummond... Seu poeta sentimental! Creio também que alguma poesia tua ainda faça alguém se encantar! Eu vejo esta gente passando apressada em meio a tantos livros, alguns com seus preços, outros com seu valor. E sei que estás vivo nas palavras que deixaste a esta gente por herança. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Você mesmo disse isso uai, mas as sem-razões do amor renascem a cada troca de olhar, suspira Quintana, com seu sapato florido.
 Drummond corre os olhos novamente por seu livro e pensa naqueles para quem a noite esfriou,  o riso não veio e o dia ainda não raiou.
E eles seguem lá, muitas vezes despercebidos por quem passa pela  Praça da Alfândega,  mas imortais nas palavras que deixaram.
Talvez um pássaro se assente ao ombro de Quintana, ou um anônimo se aproxime curioso por compartilhar a leitura de Drummond.

Estas são ideias que brotam pela cabeça de quem circula pela praça, no coração de Porto Alegre, durante a programação que reúne livro, livreiro e o viajante, que respira, se inspira e cria novas palavras, fazendo com que a leitura nunca morra e passe adiante do poeta para o leitor, de pai para filho.

Em todos os tempos é preciso: viver primeiro, morrer depois!


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Você não deve dar crédito aos meus devaneios, Nem dizer que são feios os rabiscos que eu chamo de poesia. Você tem que continuar agindo com calma, Sem se preocupar com todas as fantasias que habitam minha alma. Nunca falei para alguém tudo que é importante para mim, Nem do fascínio que devoto por olhos assim. Então, quando fitei pela primeira vez, este céu sem lua, Percebi que jamais dormiria sossegada querendo tê-los para mim. Teu olhar castanho, que mostra teu ar tristonho, Nunca me falou dos sonhos teus. Mas despertou o brilho adormecido dos meus. Só te peço que não me judie, que não negue teu amor para mim. Eu não saberia amar outros olhos. Outros olhos assim. Porto Alegre, 27 de novembro, de 2001. Conheça a página  Jornal de Ideias Comunicação Digital   e con fira de perto todo  o trabalho realizado pela profissional que atua na produção dos conteúdos deste blog. Não é permitido reproduzir texto, imagem ou qualquer outro tipo de produção intelectual de um blog, sem a devida autori