Todos os
finais de semana dezenas de pessoas perdem a vida em acidentes de trânsito.
Quem acompanha noticiários e páginas policiais sabe da verdadeira carnificina
que acontece nas estradas. Mas só as famílias sabem medir a dor da tragédia e
acreditem: ela não tem medida. De repente uma pessoa jovem, saudável, com
tantos planos há realizar vira estatística.
Sem tomar decisões a cerca de
sua partida, sem realizar o que tinha por meta, sem fazer pela ultima vez o que
tanto gostava. Sem uma mão que segurasse a sua, sem uma palavra amiga, só
sangue e asfalto frio. A batida, a queda, a morte...
Você não precisa ler jornais, já
sabia da notícia antes que ela fosse impressa, atrás da pauta se esconde todo o
sofrimento, palavras apenas não compensam. Saber da perda te joga num abismo, é
silêncio, é choro... Em uma noite escura e fria.
A revolta maior está em saber
que não seremos os últimos, o sacrifício de uma vida, não cura a sociedade, em
uma próxima curva, uma nova mistura de bebida, sono e velocidade, vai vitimar
outra família e a história se repete.
Quem parte, parte em vão, pois
não levou consigo os problemas das estradas. Outros partirão e nós
continuaremos aqui em silêncio com esta dor. Então porque partir tão rápido?
Sem tempo para mais um mate, sem conhecer um neto, sem mais um desfile
farroupilha?
Depois de um feriado estendido
contabilizam-se mais de vinte mortes. Estradas matam mais que câncer, mais que
infarto, mais que assaltante! E os condutores destas máquinas mortíferas somos
nós, a frente dos volantes. A sociedade que assiste chocada aos números do
trânsito é a mesma que pisa fundo no acelerador, vai para a balada, bebe além
da conta e não chama o táxi. Liga o rádio e se desliga do mundo, com sono não encosta,
com chuva forte insiste, com faróis queimados vai adiante, acende o cigarro,
atende o celular, toma seu chimarrão. São carretas, motocicletas, carros
simples e modelos esportes, que chocam-se em curvas, direções opostas, subidas,
descidas, desfiladeiros, pontes, arroios, animais, postes, muros e casas.
São famílias dilaceradas que
independentes de posses encontram-se em meio ao pranto nos corredores do IML.
Lá não há pressa, nem preferências... Senta e espera. A mais triste e
angustiante das esperas. Pelo direito de enterrar com dignidade seu morto,
voltar para casa e pensar em como recomeçar!
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