A perda do humor que já não sê vê



Internado desde dezembro, no Hospital Samaritano do Rio de Janeiro, o cearense Francisco Anysio de Oliveira Paula Filho, encerrou na tarde de hoje, aos 80 anos, sua passagem pelos palcos da vida. Sua morte é a perda do humor que já não existe na TV brasileira. Sem apelações, palavrões e baixaria.
Chico era ícone, agora é lenda! Ele não se vai só, não nos deixa só. Seus mais de 200 personagens o tornaram imortal, marcaram e continuarão marcando muitas gerações.
A riqueza do talento deste humorista exala dos trabalhos que desenvolvia, quer fosse interpretando, compondo, pintando, dublando ou escrevendo. Fica sua obra como herança.
O comediante teve seis mulheres, nove filhos, dez netos e 65 anos de profissão. Ganhou espaço e destaque na TV, rádio, teatro e cinema, atuando em inúmeros quadros, programas humorísticos e participações em novelas da Rede Globo, com quem mantinha contrato até este ano. Sobre seus casamentos, disse certa vez em entrevista a revista Seleções: “Quem é casado há quarenta anos com dona Maria não entende de casamento, entende de dona Maria. De casamento entendo eu, que tive seis”.
Sobre filhos, Anysio comentou em um de seus livros, escrito em 2000: “Tem coisas que não se discute: filhos detonam qualquer casamento. São Maravilhosos, mas fatais”.  Era assim o seu jeito Chico de ser. Vê-lo em plena atividade dava aos que cresceram tendo ele do outro lado da telinha, a impressão de que o tempo não passou.
Entre os personagens mais famosos aos quais, Chico deu vida, estão: Professor Raimundo, Alberto Roberto, Baiano, Bento Carneiro, Divino, Dona Dedé, João Ninguém, Nicanor, Prometeu, Salomé e Véio Zuza. Alguns de seus chavões incluíram-se no vocabulário popular, como: "E o salário, ó!", "É vapt-vupt!", “Tá com pena? Leva para você!”, “Tenho horror a pobre!”, “Quer poupar, popa!”, “Orra meu!”, entre tantas outros. Tudo isto sempre nos fará lembrar o Chico! Sim, ele se vai, mas não nos deixa totalmente. O fruto de seu talento para imitar mil vozes fica, e a modéstia de suas palavras também.
“Até tinha uma coisa de sentar para criar, mas uns nasceram pela voz, outros pelo tipo, pela personalidade, pela caracterização. Sempre fiz questão de que eles fossem encontrados sem que eu estivesse presente. Que alguém dissesse: “Na minha terra, tem um Pantaleão”. “No Rio tem muito Azambuja”,” disse em entrevista ao Estado de S. Paulo, em 2009.
Numa de suas vindas ao Sul, Chico esteve no Jornal do Almoço, onde afirmou ter um coração gaucho, não apenas pelo fato da esposa Malga de Paula ser natural do Estado, mas pelo acompanhamento médico feito pela equipe de cardiologia do Hospital Santa Casa de Misericórdia, na capital.
E se o coração de Chico era cuidado no Estado, sua memória também será preservada por todos nós!

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